Oruam, PT e STF — aliados por omissão? Analisamos como decisões judiciais, interesses políticos e cultura popular influenciam a educação nas favelas e por que isso interessa a quem detém o poder.
1 — A arma que poderia salvar vidas (mas não veio)
Rodrigo Pimentel levantou um ponto técnico que virou política: quando o caveirão (M-113 / viatura blindada) passa a barragem, reduz o risco dos policiais e pode, segundo ele, diminuir mortes. No discurso, a crítica é direta ao Ministério da Defesa e ao governo central — se esse equipamento fosse emprestado ao Rio, diz Pimentel, dois policiais civis estariam vivos hoje.
A cena revela duas coisas. Primeira: a sensação de abandono concreta dos que estão na linha de frente — policiais sem meios, comunidades sob fogo cruzado. Segunda: a narrativa política que transforma equipamentos e decisões técnicas em moeda de retaliação e preferência. Quando a segurança vira disputa de poder, vidas ficam no meio.

2 — A intervenção do STF: burocracia, pareceres e censura operacional
No segundo texto, o deputado Alex Brasil faz a conexão que muita gente está sentindo: operações de segurança, entraves jurídicos e o protagonismo do Supremo no controle da política de segurança. Para ele, a passagem de relatorias e decisões internas do STF — e o foco de ministros como Alexandre de Moraes em fiscalizar operações — funciona como freio, não apenas de excessos, mas de toda ação enérgica contra o crime organizado.
Aqui a crítica é política: o parlamentar vê no STF e em peças do sistema (PGR, decisões internas) um mecanismo que, em sua leitura, acaba favorecendo a impunidade. Seja qual for a interpretação — legal ou política — o efeito prático para moradores de favelas e policiais é o mesmo: operações são retardadas, decisões se arrastam, e o crime aproveita a janela de oportunidade.

3 — Escola cívica: disciplina, ordem e um projeto que funciona
O terceiro trecho é outra nota: o discurso do prefeito de Chapecó sobre a escola cívica. Uniforme, respeito ao professor, cuidado com o espaço público, boa convivência — um projeto pedagógico que transforma rotina em disciplina e expectativa de futuro. O tom do prefeito é simples, prático e voltado a resultados: “vocês são motivo de orgulho” — e a mensagem vai ao ponto: educação que forma cidadãos.
É esse modelo que as vozes do conservadorismo apontam como alternativa para as favelas: ordem, ensino cívico e formação de valores. A diferença com a narrativa anterior é clara: enquanto uns defendem equipamento e lei dura; outros mostram que o investimento cultural — escola, disciplina, oportunidade — muda trajetórias.
4 — Oruam: a contradição que viraliza
E aí entra Oruam — personagem cuja fala circula nas redes: de um lado, versos que parecem alertar (“antes de pensar em matar, pensa na educação”); do outro, imagens e atitudes que relativizam a violência — apologia ao crime, desafio à polícia, pedras e confronto.
A redundância é óbvia: a política que prefere população sem acesso pleno à educação tem menos risco de perder votos para a livre consciência. Oruam personifica essa ambivalência: fala de “educação” quando isso vira palco, mas, na prática, cultiva — intencionalmente ou não — referências que promovem a cultura da violência.
5 — Síntese e pergunta final: quem lucra com a favela sem escola?
O nó é político e moral. Se um lado (governo, magistratura, corporações) cria barreiras administrativas e jurídicas que retardam ação e deixam brechas; outro lado (certas lideranças culturais) romantiza a vida na periferia e, em muitos casos, produz apologia do crime; no meio, sobra a população que mais precisa — crianças sem escola adequada, famílias que enterram filhos, policiais sem meios.
A pergunta que fica: quem lucra com a favela sem escola?
Enquanto houver interesses que preferem votar a um eleitorado pouco instruído, haverá resistência a projetos que emancipatórios. A escola cívica de Chapecó é só um exemplo — poderia haver dezenas de iniciativas que unissem disciplina, oportunidades e proteção social. Oruam, o STF e o PT entram nessa equação, cada um a seu modo: uns por ação, outros por omissão, outros por incentivo cultural. O resultado prático é o mesmo — um círculo vicioso que precisa ser quebrado.

Conclusão: educação como política de Estado, não moeda de disputa
Se queremos mudar o jogo, é preciso expulsar a política da educação — transformar escola em prioridade de Estado, blindada contra interesses partidários, judiciais ou midiáticos. Equipamentos e operações importam — assim como políticas públicas de longo prazo que tirem jovens da rua e os levem para a sala de aula.
Enquanto isso não acontecer, continuará o show de narrativas: um dizendo que ordem e força salvam vidas; outro insistindo que o problema é social; e o terceiro — o artista-popular — colhendo audiência com versos contraditórios. A favela merece mais do que ser palco de disputa: merece escola, oportunidade e respeito.
Texto alternativo (imagem): Colagem editorial: crianças em escola cívica, manifestantes e símbolos do STF; análise sobre educação, cultura e poder nas favelas.
Nota da Redação:
Esta matéria reproduz trechos originais de um áudio e vídeo atribuído ao Oruam/Preferito de Chapecó/Rodrigo Pimentel — Imagem de reprodução de espacamento: Jornalista Vaguinho, todos amplamente divulgado em redes sociais e veículos independentes. O conteúdo foi transcrito e adaptado para fins jornalísticos, preservando a integridade das falas.

Estava aqui assistindo a ficha polícial de cada um desses q foram mortos..
Gente não tem um vitima ,todos já mataram e muito.
Uns matam suas vitimas no “micro ondas”
Outros matam no frezer (põe suas vitimas vivas e só tiram depois de mortas congeladas)
-Os q são menores tem uma lista extensa de assassinatos.
Então esses q foram canonizados por alguns q só saem de carro blindados e com segurancas..
Não são vitimas
Se formos enumerar os mortos vitimas dessas corjas num mês daria pra lotar um maracana.