Jornalismo brasileiro ignora, mas a OEA cobrou explicações do Brasil sobre abusos no 8 de Janeiro. STF, mortes sem investigação e violações do Pacto de San José entraram na mira internacional. Entenda o que pode mudar nos julgamentos.
📄 Coluna “A TV Não Mostra”
(Todas as declarações a seguir são atribuídas diretamente ao Deltan Dallagnol, em discurso gravado em vídeo. A íntegra do material acompanha esta publicação.
OEA Aperta o Cerco — E o Caso Clezão Volta ao Centro do Debate
Uma movimentação silenciosa, mas poderosa, começou a repercutir além das fronteiras brasileiras. A Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão jurídico da OEA, enviou ao Brasil um ofício cobrando informações sobre as ações do STF relacionadas aos condenados pelo 8 de Janeiro — e entre os pontos citados está o caso de Clayton da Silva — o “Clezão”, cuja morte ainda não possui esclarecimentos formais.
Segundo parlamentares que acompanharam o processo, a reação internacional não surgiu por acaso. Há meses, advogados e representantes da oposição enviam relatórios denunciando violações processuais, ausência de individualização de condutas e supressão de garantias fundamentais nos julgamentos do STF.

Que Corte é Essa? Entenda o Alcance da OEA Sobre o STF
A CIDH é uma corte internacional sediada na Costa Rica, responsável por garantir o cumprimento do Pacto de San José da Costa Rica, tratado de direitos humanos que o Brasil assinou e ratificou voluntariamente.
Isso significa que:
- O Brasil aceita a jurisdição internacional;
- As decisões da CIDH podem anular julgamentos internos;
- O Estado brasileiro pode ser condenado a indenizar vítimas de abusos;
- O STF, como órgão estatal, não está acima do sistema interamericano.
Especialistas em direito internacional afirmam que, se a Corte entender que houve violações ao Pacto, ela pode determinar medidas que afetem diretamente decisões do Supremo.

Por Que o Caso do 8 de Janeiro Chegou Lá?
De acordo com grupos jurídicos que apresentaram denúncias, a motivação principal foi o conjunto de violações apontadas durante os julgamentos:
- Ausência de provas individualizadas;
- Denúncias genéricas da PGR;
- Julgamento no STF mesmo para réus sem prerrogativa de foro;
- Negação sistemática de recursos;
- Violação da liberdade de expressão e de manifestação;
- Falta de respostas oficiais sobre a morte de Clezão.
A CIDH quer explicações detalhadas sobre cada um desses pontos.

O Pedido Mais Explosivo: A Morte de Clezão
Segundo documentos enviados por parlamentares à Corte, a morte de Clezão — ocorrida dentro do sistema prisional — nunca foi investigada formalmente.
O ofício da CIDH ao Brasil inclui perguntas como:
- Houve abertura de investigação?
- Quais foram as conclusões?
- Existem laudos ou documentos oficiais?
Até o momento, segundo opositores, nenhum relatório público existe.
A ausência de resposta do Estado brasileiro pode configurar violação grave de direitos humanos — e isso é suficiente para abrir um caso internacional de grande impacto.

Impacto Potencial: A Corte Pode Derrubar Condenações do STF?
Juristas ouvidos por parlamentares afirmam que sim, em tese a Corte pode:
- Declarar ilegal o modo como os julgamentos foram conduzidos;
- Determinar que o Brasil reanalise ou anule as condenações;
- Reconhecer abuso institucional e violação de garantias básicas;
- Avaliar falta de competência do STF ao julgar pessoas sem foro;
- Reprovar as denúncias genéricas usadas pelo Ministério Público.
Uma decisão internacional desse nível poderia alterar:
- O debate sobre anistia;
- Os processos já concluídos;
- O cenário jurídico dos presos e condenados;
- A responsabilidade estatal pelas mortes e abusos.

Por Que a Mídia Não Mostra?
Segundo parlamentares que divulgaram o documento, o tema praticamente não aparece no noticiário nacional.
Críticos afirmam que há resistência da imprensa mainstream em repercutir qualquer notícia que coloque o STF sob investigação internacional.
Para eles, o Brasil vive um momento histórico:
é a primeira vez que a Corte Interamericana cobra oficialmente explicações do país sobre abusos cometidos em julgamentos políticos recentes.

O Que Vem Agora
A CIDH trabalha com prazos longos, mas parlamentares dizem que a cobrança formal marca um ponto sem retorno:
- O STF terá que responder;
- As informações serão tornadas públicas;
- As famílias dos envolvidos poderão ter respaldo internacional.
Segundo analistas, esse processo pode redesenhar o futuro jurídico dos casos do 8 de Janeiro.
Nota da Redação:
Esta matéria reproduz trechos originais de um áudio atribuído ao Deltan Dallagnol, amplamente divulgado em redes sociais e veículos independentes. O conteúdo foi transcrito e adaptado para fins jornalísticos, preservando a integridade das falas.
Todas as imagens utilizadas nesta matéria são de crédito do deputado Gustavo Gayer.
