Um ensaio sobre como o medo, a histeria coletiva e os mecanismos de defesa moldam a consciência moderna — e por que a lucidez é o novo ato de resistência.
🧠 Coluna – Segurança: Mente e corpo livre
Por Alexandre Darshan
Psicanalista e terapeuta, Alexandre Darshan é fundador da Aliança Verde e atua na integração entre autoconhecimento, consciência e desenvolvimento humano. Seu trabalho investiga os caminhos da superação interior e da lucidez em tempos de transformação.
Ok… todos nós estamos sendo inundados por perspectivas de futuro duvidosas. A cada novo dia, o mundo parece oscilar entre o apocalipse e a redenção, entre o medo e a promessa de salvação. São tantas informações, tantas vozes, tantos estímulos que mal conseguimos discernir o que é real e o que é apenas ruído.
Falam-nos de crises políticas, guerras ideológicas, desastres climáticos e deuses tecnológicos. Mas há um mal que se infiltra com mais sutileza e profundidade do que qualquer ameaça externa: o adormecimento da consciência individual. E é sobre isso que precisamos falar — sobre o pior mal de todos: você mesmo, quando age sem perceber que está sendo guiado por forças internas que desconhece.

O cenário interno: o caos que não aparece nas telas
Vivemos tempos em que o inconsciente coletivo parece em convulsão. A histeria — tão bem estudada por Freud — agora se manifesta em escala global. Não mais confinada a um consultório ou a uma mente perturbada, ela tomou as redes, as praças, os lares, os governos. É uma histeria cognitiva, social e emocional, que se alimenta do medo e da pressa, da necessidade de ter razão e da recusa em olhar para dentro.
Cada um de nós, em maior ou menor grau, está sendo testado em sua capacidade de permanecer lúcido enquanto o mundo grita. E, diante do barulho, ativamos aquilo que temos de mais primitivo: nossos mecanismos de defesa.
Recalque, negação, projeção, racionalização — nomes técnicos para formas de sobreviver à dor de estar consciente. São respostas do ego diante de um mundo que parece ameaçador demais para ser sentido integralmente. Mas o que acontece quando essas defesas, necessárias em momentos de crise, se tornam o modo de vida permanente? Acontece o que vemos: uma humanidade reagindo sem perceber, lutando contra inimigos imaginários, reproduzindo ódios que não compreende e perdendo, aos poucos, a própria sensibilidade.

Especialista Internacional em Estratégias Defensivas e CEO da CEOESP – Gestão em Segurança e Especialização
O espelho da defesa: o eu que reage e o eu que observa
O que mais assusta não é o mecanismo em si — é o fato de que não sabemos mais que ele está atuando. Negamos e acreditamos estar sendo sinceros. Projetamos e chamamos isso de “opinião”. Reprimimos e chamamos de “força”. Racionalizamos e chamamos de “lógica”. Cada um desses gestos é, na verdade, uma tentativa do psiquismo de nos proteger de algo que dói demais para ser olhado.
Mas eis o paradoxo: quanto mais nos protegemos, menos nos conhecemos. E quanto menos nos conhecemos, mais frágeis nos tornamos diante do mundo.
A psicanálise não nos pede para eliminar as defesas — isso seria impossível e até perigoso. Ela nos convida a compreendê-las. A vê-las operando, a nomeá-las, a reconhecer sua intenção e seu limite. Porque toda defesa é, antes de tudo, um pedido de cuidado mal compreendido. Quando a negação surge, ela apenas diz: “Ainda não consigo ver isso.” Quando projetamos, o inconsciente grita: “Não suporto admitir que isso também é meu.” E quando reprimimos, estamos tentando sobreviver ao insuportável.
O trabalho da consciência não é julgar o mecanismo — é iluminá-lo. E nessa luz, ele perde o poder de nos comandar.

A histeria cognitiva: o contágio da inconsciência
O problema é que o mundo atual não favorece essa lucidez. Vivemos dentro de uma máquina de estímulos que premia a reação e pune o silêncio. Quanto mais reagimos, mais alimentamos o ciclo do medo. Quanto mais nos posicionamos sem reflexão, mais nos afastamos do discernimento.
E o que era defesa individual torna-se histeria coletiva. Um grupo inteiro passa a reproduzir o mesmo sintoma: ansiedade, raiva, polarização, necessidade de controle. É a multidão que acredita estar desperta, quando na verdade apenas compartilha um mesmo delírio inconsciente.
A psicanálise chama isso de identificação — a substituição da própria consciência pela consciência do grupo. De repente, o “eu” se dissolve no “nós”, e a responsabilidade individual desaparece. Surge, então, o terreno fértil para os extremismos, as crenças cegas, os salvadores da pátria e os falsos profetas do bem. Tudo nasce do mesmo ponto: o medo de olhar para dentro.
O ponto de virada: transformar defesa em sabedoria
Mas há um instante em que algo pode mudar. É o momento em que você percebe o que está fazendo consigo. Quando se vê negando, projetando, atacando — e, em vez de se justificar, para. Nesse instante, você deixa de ser refém e passa a ser observador.
A consciência nasce ali, no breve intervalo entre o impulso e a ação. E nesse pequeno espaço mora toda a liberdade humana.
Porque o inconsciente é poderoso, mas não é destino. Ele é apenas a parte de nós que ainda não foi vista com compaixão. E a defesa, quando compreendida, pode ser convertida em força: a negação vira coragem. A projeção se transforma em responsabilidade. A repressão se abre em expressão. E o medo se transmuta em presença.
Esse é o ponto em que a psicanálise encontra a espiritualidade: quando o inconsciente deixa de ser sombra e se torna luz.
A consciência como revolução silenciosa
Imagine um mundo em que metade das pessoas apenas respirasse antes de reagir. A histeria cessaria. A manipulação perderia força. A política, a religião, as redes sociais — tudo mudaria porque as pessoas mudariam. O despertar de um indivíduo é o início de uma revolução invisível.
Não precisamos convencer o mundo — precisamos habitar nossa própria lucidez. Estar presentes em meio ao caos é o maior ato de resistência que existe.
E talvez seja isso o que os antigos chamavam de “salvação”: não um evento externo, mas um retorno interno. Um reencontro com o que é verdadeiro em nós, que permanece intocado mesmo quando o mundo desaba.
Conclusão: A lucidez é o novo heroísmo
No fim, a pergunta permanece: Quem está no comando aí dentro?
Se for o medo, você viverá reativo. Se for a culpa, você viverá fragmentado. Mas se for a consciência — se for a parte de você que observa, que entende e que escolhe — então o mundo pode ruir que ainda assim haverá chão.
A lucidez não é frieza. É amor em sua forma mais madura. É o amor que compreende sem precisar salvar, que escuta sem precisar concordar, que age sem precisar reagir.
A psicanálise é, nesse sentido, um caminho de liberdade — porque nos devolve o poder de sermos senhores de nós mesmos. E quando você assume esse poder, o barulho do mundo já não o domina. Você se torna presença. E presença, meu amigo… é o início da cura.

Alexandre .vc foi profundo na História muito bom todo seu texto,coisas aí que nunca imaginava ,esses suicídios, Americanos que coisa extremamente absurda ,muitas loucuras ,realmente ,é muita distorção de tudo com essa mídia podre né.. essa Globolixo .Globo News e toda essa mídia esquerdista !!
“Brilhante reflexão de Alexandre Darshan. O verdadeiro caos nasce dentro de nós quando deixamos o medo e a raiva comandarem. A lucidez é o farol que nos mantém inteiros — mesmo quando tudo parece ruir. Que nunca nos falte coragem para encarar o inimigo interno com consciência e humanidade.”
Realmente GRANDE MESTRE ,em virtude do que acontece no dia a dia ,que está divido em Internet ,reportagens,e vozes externas fazem com que Realmente venhamos nos distrair, perder o foco inclusive muita das vezes dividimos nossos problemas com os outros entre outras desculpas.
Isso faz com que deixamos de enxergar o interior e o real e perdemos a questão da consciência situacional.
Por isso o motivo da grande maioria da humanidade viver dispersa e frustrada.
Devemos de fato aprimorar-se no conhecimento e voltar a enxergar o real discernimento pessoal.