Entenda como o governo tenta vender como vitória o falso “recuo americano” sobre tarifas, enquanto o Brasil segue em desvantagem internacional.
📄 Coluna “A TV Não Mostra”
(Todas as declarações a seguir são atribuídas diretamente ao Eduardo Bolsonaro, em discurso gravado em vídeo. A íntegra do material acompanha esta publicação.
A narrativa de vitória criada pelo governo
Nas últimas semanas, o governo federal divulgou que os Estados Unidos teriam “recuado” em tarifas aplicadas a diversos produtos brasileiros, vendendo a história como se fosse um grande triunfo diplomático. A propaganda oficial insistiu que café, carne, frutas, açaí e castanha do Pará teriam sido beneficiados graças a uma suposta atuação firme e estratégica do presidente Lula no cenário internacional.
Mas essa narrativa não se sustenta quando confrontada com a realidade. O que o governo apresenta como conquista não passa de uma distorção que tenta transformar um problema doméstico americano em um falso triunfo brasileiro.

A verdade: não houve recuo direcionado ao Brasil
Os Estados Unidos não “abençoaram” o Brasil, como sugere a propaganda do Planalto. Na verdade, o governo americano apenas retirou uma tarifa emergencial de 10% que havia sido aplicada ao mundo inteiro, sem qualquer relação específica com o Brasil.
A justificativa interna dos EUA é simples: necessidade de reduzir preços ao consumidor americano em meio ao custo de vida elevado. Nenhuma agenda diplomática com o Brasil foi determinante — e muito menos fruto de diálogo estratégico ou de alguma “força soberana” defendida em discurso oficial.
Brasil segue punido: a tarifa de 40% continua
A parte que a propaganda não menciona — e que desmonta toda a narrativa de vitória — é que o Brasil segue pagando uma tarifa muito maior que os demais exportadores.
A tarifa de 40%, resultante de desconfianças políticas, interferências diplomáticas e rusgas acumuladas nos últimos anos, continua ativa.
Ou seja:
- o mundo inteiro teve retirada a tarifa emergencial de 10%;
- mas o Brasil permanece com a tarifa pesada, que o coloca em clara desvantagem competitiva.
Chamar isso de “recuo americano em favor do Brasil” é transformar uma derrota em peça de propaganda.
O impacto da incompetência diplomática
Parte do problema vem da condução atual do Itamaraty, marcada por alinhamento político, desprestígio internacional e conflitos criados com parceiros estratégicos.
A carta enviada por Donald Trump — mencionada por Eduardo Bolsonaro — evidencia que há desgaste com o Brasil, especialmente por perseguições políticas, interferências em companhias americanas e a desconfiança sobre a integridade eleitoral de 2022.
Esses elementos, somados, deixam o país vulnerável e isolado, sem força para negociar tarifas, sem prestígio para pleitear condições iguais e sem credibilidade para aproveitar oportunidades de mercado.

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A propaganda que mascara derrotas
A máquina de comunicação do governo tem utilizado esse episódio como mais uma peça de marketing, tentando inflar a imagem do presidente enquanto esconde o prejuízo real ao setor produtivo.
Para grande parte da população, a mensagem que chega é a de que “Lula venceu os americanos”.
Mas exportadores, produtores rurais e técnicos da área sabem que o cenário é o oposto:
o Brasil ficou para trás enquanto outros países ganharam vantagem.
Vender derrota como vitória virou estratégia.
O que realmente resolveria o problema
Enquanto o governo aposta em propaganda, a solução concreta — como apontado no texto-base — envolveria:
- reconstruir a confiança diplomática;
- parar de transformar política externa em arma ideológica;
- enfrentar denúncias de perseguição interna;
- e, sobretudo, aprovar a anistia, restaurando condições políticas mínimas de estabilidade jurídica.
Sem isso, o Brasil continuará sendo tratado com desconfiança no exterior e pagando tarifas que não atingem outros países.
Os riscos da mentira institucionalizada
O ponto mais grave é a normalização da distorção. Quando o governo cria fatos, altera contextos e pinta derrotas como vitórias, ele enfraquece a capacidade do país de identificar seus próprios problemas.
E um país que não reconhece seus problemas não tem como resolvê-los.
O “recuo americano” não existiu.
O que existe é propaganda.
E a propaganda, quando toma o lugar da verdade, é usada exatamente para esconder aquilo que o povo não pode ver: a estratégia que beneficia o governo, e não o Brasil.
Nota da Redação:
Esta matéria reproduz trechos originais de um áudio atribuído ao Eduardo Bolsonaro, amplamente divulgado em redes sociais e veículos independentes. O conteúdo foi transcrito e adaptado para fins jornalísticos, preservando a integridade das falas.
